Julia Lemmertz é daquelas atrizes que traz no DNA o gene da interpretação. Considerada uma das melhores intérpretes da sua geração, ela é filha do casal de atores Lílian Lemmertz e Lineu Dias, casada com o também ator Alexandre Borges e sua filha Luíza, está seguindo os passos da mãe. Para Julia, pertencer a essa família “é um privilégio”, mas com um nível de exigência muito alto.
Mas é com a interpretação no sangue que Julia Lemmertz desembarca em Vitória – neste fim de semana no
Theatro Carlos Gomes - para apresentar pela segunda vez aos capixabas o espetáculo “Deus da Carnificina” depois de uma temporada de sucesso de público e crítica na capital paulista (Julia ganhou o Prêmio APTR e o Prêmio Quem de Melhor Atriz por este trabalho). Até Barbara Heliodora, a temida crítica de teatro do jornal O Globo, considerou sua atuação “primorosa” e o espetáculo como “imperdível”.
E teatro foi o assunto principal do seu papo com o portal
Sou ES, além da família e da sua nova personagem na TV, a clássica Helena de Manoel Carlos, que foi interpretada pela primeira vez pela sua mãe. “Estou animada e feliz com esse trabalho que se aproxima”, afirma. Confira!
1. “Deus da Carnificina” está em cartaz há mais de dois anos. Depois de tantas apresentações você ainda descobre novidades no texto?
Julia Lemmertz: A gente batalha pra manter o espetáculo vivo, por isso ele ainda está em cartaz e com sucesso, não nos acomodamos com o que já conquistamos. Esse espetáculo é um jogo de quatro atores, tem que ser jogado com prazer pra resultar, pra ser bom de ver e fazer. Dá pra descobrir muita coisa ainda, a gente se surpreende e a plateia também.
2. Como você conheceu o texto de Yasmina Reza? [escritora francesa e autora do texto do espetáculo]
Julia Lemmertz: Já conhecia a autora de outros espetáculos que vi dela, mas esse me foi indicado por uma amiga que tinha assistido em Paris, aí fui atrás do texto. Quem representa a autora aqui no Brasil é a Cinthya Graber, que me contou que iria produzir a peça também e me convidou pra fazer, a Deborah também estava atrás do texto e fomos nós encontrando assim. Essa peça faz muito sucesso por onde é encenada, todo mundo estava atrás dela, demos sorte!
3. Por que o subtítulo “Uma comedia sem juízo”?
Julia Lemmertz: O título original é “Le dieu du Carnage”, achamos que era importante manter , mas percebemos que no Brasil a carnificina do título poderia surpreender o público que poderia achar que a peça era violenta, o subtítulo é pra avisar que é uma comédia, eles tentam se entender , mas perdem a linha, o juízo...
4. Alguns atores sempre dizem que é complicado produzir peças no Brasil. É complicado viajar fora do eixo Rio-São Paulo, onde as temporadas são menores?
Julia Lemmertz: É complicado por vários motivos, pagamos caro para nos apresentarmos nos teatros particulares, a meia entrada é cada vez mais utilizada(às vezes até por quem não poderia usar), não se mantém uma peça em cartaz , pagando atores, técnicos, teatro, etc , com meia entrada, viajar ainda fica mais difícil. As empresas privadas que apoiam projetos de teatro é que viabilizam isso, através de leis de incentivo. Nós temos a Vivo, por isso estamos aqui.
5. Você possui uma carreira sólida no teatro, no cinema e na TV. Quais as diferenças para um ator em cada veículo?
Julia Lemmertz: Cada um desses veículos te pede uma forma diferente de interpretar, mas no fundo é tudo igual. Quero dizer, no quanto a gente se empenha, se dedica pra fazer um bom trabalho. Tenho sorte de transitar por todos, e com o tempo aprender a tirar o melhor de mim, mas isso não tem fim, cada trabalho começa do zero, é montar e desmontar sempre. Isso é o melhor de tudo.
6. Seus pais são atores, você é casada com um ator e sua filha anda se destacando nos palcos. Como é pertencer a uma família aonde a interpretação vai de geração para geração?
Julia Lemmertz: É um privilégio, sem dúvida, e um nível de exigência bem alto também. Aprendi muito com os meus pais, que viveram uma época incrível do teatro brasileiro, minha vida toda estive ligada a teatros, sets de filmagem, estúdios de TV, sei das dificuldades e das delícias dessa profissão, sou bem realista e com os pés no chão. Tenho a sorte de dividir a vida com um grande companheiro que tem a mesma profissão que eu, trocamos muitas figurinhas e nos apoiamos, o Alexandre é uma ator inspirador. E agora minha filha Luiza também está atendendo ao chamado da vocação, ela sabe bem onde está se metendo, vai caber a ela descobrir como se manter, a gente torce que ela seja feliz.
7. A primeira “Helena” do autor Manoel Carlos foi a sua mãe, a atriz Lilian Lemmertz. Você foi escalada para viver a personagem pela última vez na próxima trama do escritor. Qual a emoção de viver um dos personagens mais clássicos da TV e que foi imortalizado pela sua mãe?
Julia Lemmertz: Estou animada e feliz com esse trabalho que se aproxima. Mas só quando começar realmente é que vou saber. É um momento especial, esse que o Maneco esta criando, essa homenagem à minha mãe, à personagem que ela ajudou a criar há trinta anos. Essa Helena de agora é fruto de tudo isso e ao mesmo tempo é uma nova personagem, que vai ser criada hoje de uma forma diferente, outra época, outra atriz...
8. O que os capixabas podem esperar da peça?
Julia Lemmertz: O melhor! Estamos animados com as três apresentações que teremos aí, estamos quentes, recém-saídos de uma segunda temporada em São Paulo, temos certeza do espetáculo maravilhoso que fazemos e querendo sentir a reação do público capixaba, que é sempre muito caloroso. Resumindo: é imperdível!!!
Fonte:Blog da Redação - Sou ES